segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Vinde ver...

“Disse-lhes Jesus: «Vinde ver».” Jo 1, 39
Não acredito em coincidências...nunca acreditei! E mais uma vez vejo aqui a mão de Deus senão repare-se: no evangelho deste domingo Jesus convida André e outro discípulo que não se conhece o nome (serei eu? serás tu? Podemos ser nós.) a irem ver onde morava... Eles foram... Ontem o Papa Francisco celebrou a maior missa de sempre... foram "vê-lo" 6 milhões de pessoas... A maior missa de sempre, que fica na história da Igreja Católica... São curiosos estes factos!!!

O meu tempo não é muito e tive um fim de semana terrível com duas das minhas três crianças doentes mas fui acompanhando a viagem do Papa às Filipinas e ao Sri Lanka, entre brincadeiras e medicamentos, entre sopas, soros e nebulizadores!!!

E destacaria o encontro do Papa com os jornalistas no voo para Manila, onde o jornalista francês Sébastien Maillard coloca a questão: até onde se pode chegar na liberdade de expressão, já que também esta é um direito humano fundamental?

O Papa responde de uma forma que eu considero absolutamente brilhante e que reflete exatamente aquilo que penso e que disse a propósito dos acontecimentos relacionados com o jornal Charlie Hebdo. Aqui fica na integra:

Obrigado pela pergunta, muito sensata. Creio que ambos sejam direitos humanos fundamentais: a liberdade religiosa e a liberdade de expressão. Não se pode... pensemos... O senhor é francês, vamos a Paris! Falemos claro. Não se pode esconder uma verdade, ou seja, que cada um tem o direito de praticar a sua religião, sem ofender, livremente. Assim fazemos, assim queremos que todos façam. Segundo, não se pode ofender, fazer a guerra, matar em nome da própria religião, isto é, em nome de Deus. Aquilo que está a acontecer agora faz-nos pensar... surpreende-nos. Mas não esqueçamos a nossa história: quantas guerras de religiosas tivemos! O senhor pense na «noite de São Bartolomeu»... como se compreende aquilo? Também nós fomos pecadores neste ponto. Mas não se pode matar em nome de Deus. Isto é uma aberração. Matar em nome de Deus é uma aberração. Creio que isto seja o ponto principal na liberdade de religião: deve-se praticar com liberdade, sem ofender, mas sem impor nem matar.

Quanto à liberdade de expressão. Cada um tem não só a liberdade, o direito, mas também a obrigação de dizer o que pensa para ajudar o bem comum. A obrigação. Pensemos num deputado, num senador: se ele não disser aquilo que, no seu modo de ver, é a verdadeira estrada, não colabora para o bem comum. E não só estes… muitos outros. Temos a obrigação de dizer abertamente; temos esta liberdade, mas sem ofender. Porque é verdade que não se pode reagir violentamente, mas se o Dr. Gasbarri, grande amigo, me diz um palavrão contra a minha mãe, apanha um soco. É normal! É normal. Não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros, não se pode zombar da fé. O Papa Bento XVI, num discurso – não me lembro bem onde – falara desta mentalidade pós-positivista, da metafísica pós-positivista, que acabava por levar a crer que as religiões ou as expressões religiosas são uma espécie de subcultura, que são toleradas, mas valem pouco, não fazem parte da cultura iluminada. E este é um legado do Iluminismo. Há tantas pessoas que insultam as religiões, fazem pouco delas, digamos que «brincam» com a religião dos outros… estas pessoas provocam e pode-lhes suceder o que aconteceria ao Dr. Gabarri se dissesse algo contra a minha mãe. Há um limite. Toda a religião tem dignidade; toda a religião que respeite a vida humana, a pessoa humana. E eu não posso fazer pouco dela. Isto é um limite. Servi-me do exemplo do limite, para dizer que, na liberdade de expressão, há limites, como no caso da minha mãe. Não sei se consegui responder à pergunta. Obrigado.

1 comentário:

  1. Amo Papa Francisco pq me revejo na sua forma de pensar e agir. Todos devemos contribuir para espalha Amor entre as pessoas .

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