segunda-feira, 28 de julho de 2014

17.º Domingo do Tempo Comum


"… ficou tão contente que foi vender tudo quanto possuía e comprou aquele campo.” Mt 13, 44


Ao contrário do que deveria ser suposto, não me parece que seja pela alegria e pelo júbilo que somos conhecidos como cristãos.
Veja-se, por exemplo, o Papa Francisco...
Tem mostrado e convidado a viver da fonte da alegria que é o encontro com Jesus, e a verdade é que já há “católicos” escandalizados, vendo nele um “perigo” para a Igreja, ou alguém a quem se deve dar “um desconto” para que a “fortaleza da verdadeira religião” não desmorone.

A muita gente, incluindo dentro da própria Igreja, falta a descoberta do tesouro e da pérola que as parábolas do Evangelho deste domingo descrevem. Se encontrar o Reino produz uma alegria que leva a despojar-se de tudo para o obter, como se entendem práticas religiosas sem fulgor nem atração? E não penso na alegria espalhafatosa ou alienada, dos que vivem na opulência dos prazeres e no esbanjamento egoísta, indiferentes aos homens e mulheres como eles, que lutam para sobreviver, para trabalhar, para comer. Desconfio da alegria armadilhada de programas televisivos vendidos à “fé” do “telefone que pode ganhar…!” (são assustadores os programas de Sábado e Domingo à tarde na televisão - até custa ver alguns apresentadores repetirem aqueles números à exaustão!!!), ou da vitória passageira de um jogo de futebol. E que dizer da alegria do culto da eterna juventude do corpo ou da moda, sempre à procura de “estar bem consigo mesmo”, a que custo! Porque a alegria que aspiro é a que não produz ressacas, nem se celebra com “bebedeiras” de nenhuma espécie.

Aderir a Ele implica uma decisão que produz alegria: libertarmo-nos de muitas coisas acessórias que impedem a descoberta jubilosa do amor de Deus. Talvez saber “perder” para “ganhar” em autenticidade e simplicidade. 

E porque a alegria também vive do bom humor aqui partilho uma oração de S. Tomás More, o conselheiro de Henrique VIII, decapitado na Torre de Londres:

“Senhor, dai-me uma boa digestão e também algo para digerir.
Dai-me a saúde do corpo e o bom humor necessário para mantê-la. 
Dai-me Senhor, uma alma simples que saiba aproveitar tudo o que é bom e que nunca se assuste diante do mal, mas, pelo contrário, encontre sempre a maneira de pôr cada coisa no seu lugar. 
Dai-me uma alma que não conheça o tédio, as murmurações, as mágoas e as lamentações; e não permitais que me preocupe excessivamente com a coisa complicada demais que se chama “eu”.
 Dai-me Senhor, o senso do bom humor. 
Concedei-me a graça de apreciar tudo o que é divertido para descobrir na vida um pouco de alegria e também para partilhá-la com os outros. Amém.”

7 comentários:

  1. Não conhecia essa oração mas realmente é bem engraçada.
    Estou a gostar imenso do livro! No fim desta semana já deve estar lido!
    beijinhos
    http://direitoporlinhastortas-id.blogspot.pt/

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  2. Um texto muito interessante, gostei muito de ler. Confesso que a figura de Tomas More é alguém que me agrada especialmente :)

    http://ummarderecordacoes.blogs.sapo.pt/

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  3. Excelente texto! Excelente argumentação e fundamentação em domínios tão importantes como o são, a importância da ESPIRITUALIDADE no VIVER, e bem assim na FELICIDADE de cada um. Infelizmente, a Visão Ocidental é cada vez mais distorcida e mais longínqua dessas questões...vivemos numa sociedade consumista apelativa ao "delirante" consumismo e onde a maledicência, inveja e obstinação, entre outras mediocridades, imperam...
    Esses "tais", sabem lá eles o que significa tão somente AMOR!(?)
    Gostei muito. Parabéns!

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  4. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  5. Excelente texto! Excelente argumentação e fundamentação em domínios tão importantes como: a importância da ESPIRITUALIDADE no VIVER, e bem assim, na FELICIDADE de cada um. Infelizmente a Visão Ocidental é cada vez mais distorcida e longínqua dessas questões...vivemos numa sociedade consumista e cada vez mais apelativa ao "delirante" consumismo, e onde a maledicência, a inveja e obstinação, entre outras mediocridades, imperam...
    Sabem lá eles, esses "tais", o que significa tão somente...AMOR(?)...Amar DEUS(?)...ou o PRÓXIMO(?).
    Gostei muito! Parabéns! :)

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  6. Sempre uma escrita linda e inteligente. Parabéns ! Deve ser jornalista!!!!!

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