segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Os meus desertos

Sim, cada um de nós tem os seus desertos. E eu gosto de pensar nos meus... É fácil de constatar que nem sempre entrámos neles para a experiência feliz de um retiro ou para renovar as nossas forças - confesso que nesta fase da minha vida, em que não consigo encontrar tempo para o silêncio, me fazia muito bem fazer um retiro ou então percorrer um dos Caminhos de Santiago... Desertos que todas as perdas produzem, que todos os abandonos geram, e onde os lutos podem sufocar-nos ou renovar-nos. Quem não conhece o deserto de uma doença, de uma morte de alguém querido, de ficar desempregado, de dívidas acumuladas, de um passado que poucos esquecem e perdoam, de um vício difícil de vencer? E os desertos de falta de amor, de nenhuns amigos, de pouca esperança, de pouca confiança ou auto-estima? Todos os desertos são para atravessar, ou para encontrar neles o jardim em que se pode viver. É a harmonia frágil e a nossa condição de seres simples que podemos encontrar nos nossos desertos. Uma harmonia que não está isenta de tentações que nos perturbam, nem de perigos que nos atemorizam, mas onde a nossa liberdade vai fazer escolhas, e aprender a escolher melhor.

Não sejamos deserto para ninguém, e nem julguemos que ele é o fim do mundo. Tem mais de princípio do que parece. Para isso é preciso estar atento. É preciso sair dos nossos desertos por causa da vida! Eu adoro viver...

7 comentários:

  1. Olá... lindo texto, adorei.
    Eu também adoro viver! Pelo facto de ser uma pessoa muito frágil e ir muitas vezes a baixo, existe muita gente que acha que sou pessimista... mas isso não é verdade. Em tudo o que me acontece (seja bom ou seja mau) tento retirar uma mensagem positiva e ganhar mais força ainda. O facto é que há dias menos bons e estar numa fase de vida mais delicada psicologicamente, não ajuda nada, mas isso não significa que não ame viver. Infelizmente aprendi de uma forma muito dolorosa que a vida é linda e tem montes de encantos, só é necessário abrir o nosso coração e mente e deixar a vida entrar em nós. É pena que desde pequenos não nos ensinem que a vida é difícil, os amores não são como nos contos de fadas e nos desiludimos muitas vezes.
    Ah é quanto ao retiro... penso tantas vezes nisso! Não tenho é coragem de me ausentar... penso sempre que é injusto para quem fica porque também não esta a ser fácil para ele.
    Beijinhos e muita força!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Convida-o para fazer um retiro... há oportunidades tão fantásticas... mesmo para quem não é crente...mesmo para quem não tem fé nenhuma...

      Eliminar
  2. Obrigada pelo texto....estou a atravessar um enorme deserto.

    bj

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Todos os desertos são para atravessar... verás que nada acontece em vão... muita força neste momento...Um beijinho

      Eliminar
  3. Adorei o texto, muito bonito mesmo.

    http://agatadesaltosaltos.blogspot.pt/

    ResponderEliminar