O despertador toca. São 7h. Esfrega os olhos e levanta-te. Corre para o banho, que ajuda a acordar. Despacha-te. Mais de cinco minutos já é muito. Tens de poupar água. E não há tempo para mais. Aquece o leite. Faz o café. A máquina demora a aquecer!
Aproveita o tempo e vê os e-mails no smartphone. Anda, abre o pão e põe manteiga. Percorre o Facebook enquanto comes à pressa. Quase sem deglutir. Vamos lá, diz aos teus filhos, aliás filho, porque ter mais que um é coisa para ricos ou então para ciganos, para se despachar com a torrada. Já vão sair atrasados. Beija rápido a tua mulher (ou então nem beijes) e corre para o carro.
Ziguezagueia pelo trânsito. Acelera! Acelera! Já são oito e meia e as miúdas já deviam estar na sala azul! Despeja-as no colégio.
Buzina ao peão na passadeira. Grita com a velha a sair do autocarro. Insulta quem demora mais do que meio segundo a arrancar no semáforo. Solta vitupérios aos mata-velhos que deviam ser proibidos de circular nas estradas. Despacha-te! Tens reuniões e formulários e cartas e mensagens e telefonemas e impressos e carimbos e entregas e cobranças e contratos à tua espera. Tens de ser rápido. O excel espera-te, ansiosamente. Trata de tudo, anda! Tem de estar na minha secretária ao meio-dia. Tem de estar entregue dia doze. Tem de sair no jornal amanhã. Tem de ser recebido na sexta. Tem. Tem. Tem! Tem! Hora do almoço. Hora? No máximo, vinte minutos, que há muito para fazer. Come a sanduíche, vá. Não mastigues tão devagar. O sumo ajuda a engolir. Anda! Tens até às seis para mostrar o que vales! São duas. São três. Já são quatro. Já passa das cinco. Seis e meia.
Sete e vinte. As miúdas continuam no colégio, mas não faz mal, certamente que estão ocupadas. Às oito tens de correr a buscá-las. São oito e cinco e estão ao portão. Ora bolas. As crianças deviam passar mais tempo na escola. Não há direito de saírem tão cedo. E só deviam ter direito a duas semanas de férias - as mesmas que tu tens. Ter de vir do emprego para a escola dos filhos é um transtorno, mas pronto, são nossos filhos, tem de ser. Rápido, acelera para casa. Tanto trânsito! Já são nove! Chegaste. À mesa, todos no Facebook, no tablet e nos smartphones. Que ridículo. Estes dez minutos são para ser passados em família!
Mas nada de conversas, que começou a novela. Rápido, vamos dormir, que amanhã acorda-se cedo e começa tudo de novo... um dia, um mês, um ano, uma década. Sei que esta não é a vida que quero para mim nem para os meus filhos!
Ziguezagueia pelo trânsito. Acelera! Acelera! Já são oito e meia e as miúdas já deviam estar na sala azul! Despeja-as no colégio.
Buzina ao peão na passadeira. Grita com a velha a sair do autocarro. Insulta quem demora mais do que meio segundo a arrancar no semáforo. Solta vitupérios aos mata-velhos que deviam ser proibidos de circular nas estradas. Despacha-te! Tens reuniões e formulários e cartas e mensagens e telefonemas e impressos e carimbos e entregas e cobranças e contratos à tua espera. Tens de ser rápido. O excel espera-te, ansiosamente. Trata de tudo, anda! Tem de estar na minha secretária ao meio-dia. Tem de estar entregue dia doze. Tem de sair no jornal amanhã. Tem de ser recebido na sexta. Tem. Tem. Tem! Tem! Hora do almoço. Hora? No máximo, vinte minutos, que há muito para fazer. Come a sanduíche, vá. Não mastigues tão devagar. O sumo ajuda a engolir. Anda! Tens até às seis para mostrar o que vales! São duas. São três. Já são quatro. Já passa das cinco. Seis e meia.
Sete e vinte. As miúdas continuam no colégio, mas não faz mal, certamente que estão ocupadas. Às oito tens de correr a buscá-las. São oito e cinco e estão ao portão. Ora bolas. As crianças deviam passar mais tempo na escola. Não há direito de saírem tão cedo. E só deviam ter direito a duas semanas de férias - as mesmas que tu tens. Ter de vir do emprego para a escola dos filhos é um transtorno, mas pronto, são nossos filhos, tem de ser. Rápido, acelera para casa. Tanto trânsito! Já são nove! Chegaste. À mesa, todos no Facebook, no tablet e nos smartphones. Que ridículo. Estes dez minutos são para ser passados em família!
Mas nada de conversas, que começou a novela. Rápido, vamos dormir, que amanhã acorda-se cedo e começa tudo de novo... um dia, um mês, um ano, uma década. Sei que esta não é a vida que quero para mim nem para os meus filhos!
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