terça-feira, 22 de setembro de 2015

Ser último...


Olha para ti... queres ser sempre o melhor em tudo o que fazes, queres ser sempre o primeiro, queres sempre ganhar as discussões que tens com os outros. Queres ser o que te vestes melhor, queres ser o que faz "as coisas" mais bem feitas. Ousas dizer que tu não falhas. Os outros, sempre os outros, têm sempre defeitos mas tu não. E reconheceres as tuas faltas é algo impossível porque simplesmente não as tens... Mas pergunta-te a ti próprio: és feliz com esse modo de vida? Quereres ser sempre o primeiro não te obriga a um desgaste imenso, não te traz mais chatices do que sorrisos? Eu tenho a certeza que sim... 
Nos últimos tempos tenho feito um caminho de descida... e em vez de ambicionar ser o primeiro (claro que nunca consegui!) passei a querer ser o último... Não é fácil, claro. Mas também se fosse não tinha a mesma riqueza.
Ser o último e o mais pequeno não é um convite à passividade ou ao complexo do Calimero (coitadinho)! Também não é ser desligado ou desatento. É descobrir a grandeza do que sou pelo que sou (cheio de defeitos!), e pelo que sou chamado a ser e a fazer pelos outros. É despir-me das aparências (não viver em função delas) e libertar-me do desejo de fama (às vezes a fama pode ser "fazer o melhor arroz doce da minha rua"). É saber que o meu valor está no que sou e não no que tenho, e que não preciso do que é exterior para “ser inteiro” (como dizia o grande Fernando Pessoa). No fundo o que todos procuramos é a felicidade e eu acho que por esta via é bem mais fácil de lá chegar... 

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