Temos um monte de imperfeições. E no meu caso o orgulho é uma delas. Foi preciso que alguém me apontasse esse defeito para que o pudesse de facto assimilar e assim, a custo, tornar-me numa pessoa mais humilde. É bom ter por perto alguém que nos aponte o dedo. Mas mais do que quem nos aponte os erros, precisamos de quem nos ame e ensine a amar. De quem nos perdoe, nos ajude e esqueça o nosso mal. E até se esqueça que nos perdoou! É aqui que está o desafio...
Mas, para alguns, perdoar não é esquecer. Perdoam na condição de deixar bem evidente no outro o sinal da imperfeição. Contabilizando para si mais um perdão.
É muito mais fácil e cómodo apontar o dedo e condenar. Até mesmo quem não é culpado. Não se distingue o erro (que é sempre censurável) daquele que errou (que deve sempre ser compreendido), até porque esse processo deixa a ilusão de que esse juiz é superior àqueles que rebaixa. Ser justo implica ser capaz de aceitar também o que o outro tem a dizer-nos a respeito das nossas faltas. Devemos sempre escutá-lo. Mesmo quando não nos perdoe, não nos ajude e se recorde do mal em nós.
Digo-o por experiência própria que as palavras duras de um amigo são sinal de lealdade e cuidado, o beijo e/ou o abraço do inimigo não.
Quando descobrimos algo de errado em alguém, é muito frequente que essa pessoa pareça perder todo o seu valor e, assim sendo, o melhor é fecharmo-nos na nossa perfeição. Ora, não só nós estamos longe de ser perfeitos, como também a solidão egoísta é um gesto grave de orgulho. Todos erramos. É nisso que somos todos iguais.
O ser perfeito não existe, não está ali ao virar de uma qualquer esquina... Também não se consegue mudar o mundo de uma vez, mas podemos fazer a nossa parte.
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