sexta-feira, 7 de março de 2014

'Tá-se mal!

Contínuo a identificar-me bastante com o que o Psicólogo Eduardo sá escreve no seu livro "Queremos melhores país!"
Veja-se...
Notícias recentes afirmaram, com alguma exuberância, que os adolescentes portugueses trocariam 100 mensagens escritas por dia. Temos, portanto, 3000 mensagens por mês ou, se preferir, 36000 por ano. Atendendo a que, sempre que podem, eles dormem 12 horas, isso leva a concluir que, no tempo em que estão acordados, trocam mensagens entre si em cada 2 minutos. Se cada mensagem levar 4 segundos a ser digitada, os adolescentes gastarão 144 000 segundos por ano em mensagens: 2 400 minutos. Ou seja, 40 horas (quase dois dias) por cada ano a trocar mensagens. 
É claro que os pais e outros adultos (alguns, incompreensivelmente) que lhes permitem trocar mensagens ao jantar ou durante as aulas logo se apressaram a deitar as mãos à cabeça diante deste furor de comunicação. Mas, a mim, não sei o que me preocupa mais: se a exorbitância das mensagens escritas dos adolescentes se o exagero da «solidão assistida» dos seus pais.
Reconheço que há ainda um discurso muito invejoso acerca dos adolescentes. Fala-se, sobretudo, dos riscos da depressão na adolescência, dos riscos da sexualidade na adolescência, dos riscos do suicídio na adolescência, dos riscos da anorexia na adolescência, dos riscos da toxicodependência ou dos riscos da internet. Mas raramente da saúde na adolescência. De tal forma é assim que (num estudo universitário que orientei) fomos à procura daquilo que são as prioridades dos adolescentes portugueses de hoje. E (surpresa!...) eles consideram como aspetos fundamentais para a sua vida: a família, os amigos, as relações amorosas... e o futuro. Como se vê, nada disto parecem ser valores fora de moda. E, muito menos, indícios de risco.

Sem comentários:

Enviar um comentário