"Este é o meu Filho muito amado,no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O.” Mt 17, 5
O tempo passa a correr ...
No segundo Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir: é o caminho da escuta atenta de Deus e dos seus projectos, da obediência total e radical aos planos do Pai.
Escutar não é uma atitude fácil. Implica silêncio, disponibilidade, acolhimento. E se desde que nascemos temos uma certa propensão para palrar e deliciarmo-nos com a nossa própria voz (às vezes levamos até muito tarde esse deleite!), escutar alguém é condição para o diálogo e para a partilha, para o confronto e para a procura. No evangelho, a voz do Pai surge duas vezes a dizer que Jesus é o seu filho muito amado; mas no alto do monte acrescenta: “Escutai-O”. É o apelo ao conhecimento e à intimidade, o deixar de oferecer “listas de mandamentos e obrigações” para experimentar a surpresa de uma vida que não se repete. O espanto dos discípulos será mais tarde o medo dos detentores do poder: uma relação de proximidade com Deus assusta os que se julgam donos dos futuros possíveis!
Podem pensar que que O escuta, quem tem intimidade com Ele vive uma vida cinzenta, cheia de restrições, afastado deste mundo e a pensar só no outro. No que há-de vir... Puro engano!!
Por exemplo, escutar e brincar podem parecer actividades opostas. E talvez sejam tão próximas. E tão necessárias para que as vidas se abracem e sejamos felizes uns com os outros (não se é feliz sozinho, ainda que rodeado de toda a tecnologia ou riqueza!).
Começamos a escutar Jesus quando nos escutamos e gostamos de estar uns com outros; os pais e os filhos, os amigos e os que pensam diferente, mas pensam, e batem-se por valores, os diferentes grupos numa comunidade. Substituímos a brincadeira pelo jogo, promovemos a competição, e idealizámos vitórias que alienam e nos fazem sentir vazios.
Aos discípulos, desanimados e assustados, Jesus diz: o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o, vós também.
Vamos também nós seguir o conselho?
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