"Dá-me de beber.” Jo 4, 7
Podemos falar de muitas sedes.
Num primeiro momento, não é fácil pensar nos milhões de pessoas sedentas, do nosso planeta, que têm tanta dificuldade de acesso a água para consumo humano. Principalmente quando basta rodarmos uma torneira de casa para ela jorrar, abundante e cristalina.
Consideramo-la um direito, e esquecemos que é um privilégio (segundo dados da ONU, 770 milhões de pessoas no mundo não têm acesso a uma fonte de água e 2,5 biliões vivem sem saneamento básico). Alguém soube que 2013 foi o Ano Internacional da Cooperação pela Água? Deram conta que sábado - dia 22 de Março - foi o Dia Mundial da Água?
Mas a sede evoca também o desejo de uma vida mais plena, de uma felicidade a encontrar e a construir, da realização de uma vida com sentido.
Interessante verificar que neste III domingo da Quaresma todas as leituras falaram de água!!
Junto ao poço de Sicar, à hora em que o sol está no seu zénite e o calor é insuportável, duas sedes se encontram. A da samaritana e a de Jesus. No meio da desconfiança, Jesus ensina a confiar. Pede e oferece. Não se prende a barreiras e preconceitos. Escuta e acolhe as interpelações da mulher. Propõe pensamentos novos, revela a verdade sem condenar, convida a entrar numa relação que transforma tudo: quem pede de beber, afinal, é fonte de água viva; quem não merecia crédito, pelas infidelidades, torna-se motivo de confiança para todos. A fé e a caridade entrelaçam-se, ensinam-nos que dar é também tudo receber do outro, para passarmos dos gestos solidários à fraternidade. A samaritana recebe o amor, Jesus recebe o testemunho, ela vence o medo e a vergonha, Jesus é reconhecido como Salvador do mundo.
Toca-me particularmente o pormenor do “cântaro” abandonado pela samaritana, depois de se encontrar com Jesus… O “cântaro” significa e representa tudo aquilo que nos dá acesso a propostas limitadas, falíveis, incompletas de felicidade. O abandono do “cântaro” significa o romper com todos os esquemas de procura de felicidade egoísta, para abraçar a verdadeira e única proposta de vida plena. Estarei, eu, disposto a abandonar o caminho da felicidade egoísta, parcial, incompleta, e a abrir o meu coração a uma vida nova?
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